quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Boa redação - só use palavras que conheça e que a maioria entenda

Um dos erros mais comuns na comunicação é o uso de palavras pouco usuais, nem sempre de conhecimento de quem vai ler o texto; algumas vezes desconhecida até mesmo por quem escreve.

No jornalismo, o repórter, seja ele de qual tipo de mídia, mas especialmente o que trabalha com impresso, deve ter muito cuidado com o que escreve, para facilitar o entendimento pelo leitor.

Em uma empresa, a mesma regra vale para toda a comunicação escrita: saiba o que está falando, mas também saiba qual o seu público alvo. Qual o repertório dele? O azul do céu pode significar uma coisa para o surfista na praia e outra completamente diferente para quem convive com a seca no sertão.





Apesar de ter estudado isso na Unicap, só vim apreender este conhecimento na prática quando assessorei Emiliano José - Jornalista, escritor e professor de Jornalismo - na Constituinte baiana (1989). Certa vez redigi uma nota com informações de um ilustre da área jurídica sobre o projeto de Emiliano de criar o controle externo do Judiciário. Não me vem à memória a palavra que me colocou em saia justa, mas era uma palavra que eu não conhecia.

Emiliano José questionou-me sobre o significado da palavra. " O que ele quis dizer com isso?". Eu não soube responder e ouvi a recomendação: " Se você não entendeu, acha que o leitor vai entender? Procure-o e esclareça." Fiquei muito envergonhada pelo vacilo. Na pressa, por causa do fechamento das edições nos jornais, não havia procurado nem mesmo o dicionário. Liguei para a fonte, esclareci o teor da frase e refiz a nota.

Pouco tempo depois fui contratada como repórter do jornal Tribuna da Bahia e levei a lição na bagagem. Chegava cedo na redação, pegava a pauta e, se fosse sobre um tema que eu desconhecia, ia para o arquivo me informar em outras edições ou revistas. Naquela época não dispúnhamos do Google. Se eu não encontrasse informações sobre o tema, perguntava a algum colega ou ao chefe de reportagem.

Se mesmo assim não conseguia, despia-me de orgulho e vaidade, dava lugar à humildade e esclarecia à fonte: " Não sei nada sobre o assunto. Para que eu faça uma boa matéria você pode me dar uma "aula" rápida e só depois passarmos à entrevista?" Jamais recebi um não. Jamais tive uma matéria contestada por informação errada ou confusa.

Portanto, mesmo que você seja uma pessoa que lê muito e com isso adquiriu vasto vocabulário, se quer se comunicar bem, se quer redigir um bom texto, verifique que a palavra está bem aplicada e se vai ser entendida por quem vai ler. Tal qual a Lei de Murphy, se houver a possibilidade de ter duplo entendimento, acontecerá. E aí você terá muito mais trabalho para corrigir a confusão que pode gerar.

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