terça-feira, 18 de outubro de 2016

Cuidado: tem fotógrafo na área - II

Aqui estou, falando mais uma vez sobre os cuidados que temos que ter durante a participação de eventos. No post Cuidado: tem fotógrafo na área,  comentei sobre a necessidade de ter postura para evitar flagrantes inconvenientes, principalmente quando a pessoa faz parte de ‘mesas’ em eventos e/ou programas em televisão.

Atualizando o post anterior, falo agora sobre a inconveniência de estar participando dos mesmos tipos de evento e ficar o tempo inteiro de cabeça baixa e dedinho nervoso no smartphone, lendo e enviando mensagens pelo WhatsApp, ou simplesmente ‘zap’ (diminutivo que, embora algumas pessoas odeiem, milhões preferem usar no dia-a-dia).

Talvez você que esteja na ‘mesa’ praticando o ‘zap-zap’ não perceba a dificuldade que está impondo à sua assessoria de comunicação, que tenta trilhões de vezes conseguir uma boa foto. 

Mas o problema não mora apenas aí, mas sim no fato de que os demais profissionais de comunicação que estejam no ambiente não fazem parte da sua equipe e, portanto, não se preocuparão como você sairá na foto.

É comum, em eventos institucionais, a parceria entre as Ascom através do pedido de envio de foto quando da impossibilidade de cobertura, principalmente com assessorias de Estados diferentes. 

E é mais comum, ainda, receber todas as fotos com o assessorado de cabeça baixa, ‘zapeando’. Que fazer se o momento passou e não dá para repetir a foto? Nada.

Por isso, além dos cuidados já apresentados no primeiro post, vale lembrar sobre a conveniência de silenciar os grupos e desabilitar as notificações no WhatsApp pelo período em que permanecerá na ‘mesa’. 

Caso prefira, deixe o celular no modo avião. Ainda há a opção de deixar o celular com um assessor, não necessariamente o de comunicação.


Ficar no WhatsApp durante um evento em que ocupa uma posição de destaque pode render uma comprovação pública de ser (ou estar agindo como se fosse) pessoa desatenta e mal-educada, que circulará nas redes sociais, sites, jornais ou noticiários na televisão. Depois de publicada, não tem mais volta. A depender da foto, pode até virar meme

Se você está preparado para tanta popularidade, não há com que se preocupar. Não é o seu caso? Então é bom ficar alerta e mudar de postura. 

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Papagaio de pirata na política é pra candidato esperto


Ano eleitoral é ano de muito palanque para aqueles que são candidatos. No caso específico deste ano, candidatos a deputado estadual, deputado federal, senador (e suplente, nunca anunciado), governador (e vice), presidente da República (e vice). E ano eleitoral sempre é de sufoco para a assessoria de comunicação do candidato, principalmente porque a luta é grande para se conseguir uma boa foto no palanque.

Em outra janela de comunicação alertei para o risco de ter fotógrafo na área quando se é alguém desleixado com a postura. Mas nessa janela tratamos da necessidade de ficar atento para não perder o clique do fotógrafo, inclusive para viabilizar uma boa foto para a assessoria de comunicação.

Uma colega jornalista  diz que o posicionamento do parlamentar que assessora sempre foi um problema nos palanques. Apesar de ele chegar cedo no evento e ser um dos primeiro a subir no palanque, muitas vezes perde o lugar na frente porque se dispersa conversando com outros políticos ao fundo. E não adianta tentar orientar a sua movimentação porque ele não se sente à vontade de tentar furar o bloqueio dos mais ágeis. O aplicativo WhatsApp facilitou um pouco a sua vida, porque manda mensagens de orientação ao invés de ligações inaudíveis, mas ainda não é suficiente para reduzir o estresse e conseguir boas fotos.

Por também fazer assessoria de imprensa na área política sei que muitos candidatos temem o rótulo de papagaio de pirata - aquele que sempre está por trás de alguém que está sendo entrevistado ou fotografado pela imprensa.
No dia a dia o papagaio de pirata é um problema para os repórteres, principalmente porque fazem caras, bocas e gestos engraçados por trás do entrevistado, mesmo que o tema da entrevista seja sério. No caso da política, ser papagaio de pirata é uma arte que ao mesmo tempo que lhe dará mídia gratuita, sinalizará que você faz parte do grupo do poder.

Um bom papagaio de pirata político, portanto, não pode se dispersar durante a ocupação dos espaços no palanque. Deve lembrar que o espaço na frente é pequeno. Em alguns palanques não cabe mais que 10 pessoas junto ao guarda-corpo. Quem chegar primeiro se agarra na grade e não larga pra ninguém.

Caso queira aproveitar o momento para interagir com outras lideranças, o ideal é combinar com a assessoria de comunicação para fazer a foto logo no início da ocupação do palanque - desde que as principais autoridades já tenham chegado também, senão não dará o tom de importância e poder desejado. Caso não seja possível, a opção é fazer a foto no momento do discurso do assessorado. Mas é bom lembrar que nem todos os presentes podem falar em determinados eventos ou comícios. Bom se certificar que o candidato falará.

Se não for possível como sugerido nas duas opções, a orientação é deixar a timidez de lado e pedir com jeitinho aos colegas parlamentares e candidatos que abram um espaçozinho só para que se posicione e a assessoria possa  fazer a foto desejada. Na maioria das vezes funciona. Fez a foto? Então agradeça e volte para o cantinho onde estava e procure ficar mais atento da próxima vez. Lembre-se: papagaio de pirata na política é pra candidato esperto.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Pqp! Meu cliente quer ler meu release antes de enviar pra imprensa.


Outro dia encontrei uma colega de profissão (jornalista) e de função (assessora de imprensa) indignada porque o seu assessorado tem pedido para ver o seu texto antes de ela disparar o release. " Parece que ele não confia no que escrevo", lamentou num misto de desolação e raiva.

Percebo que paira uma dúvida sobre alguns assessores de imprensa em relação a mostrar ou não os textos para aprovação do seu assessorado. Temos obrigação de fazer isso, afinal de contas? Ou será que concordando estamos sendo tratados como um estagiário, um principiante?

Vamos lá. Em uma redação, o repórter vai às ruas, colhe as informações e as transforma em notícia. Começa, então, a viagem do texto redigido assim que é entregue ao chefe de reportagem. Primeiro é verificado se a pauta foi cumprida. Positivo? Então segue para o editor que, se julgar necessário, passa para o redator, que fará ajustes. Apesar de a liberdade de imprensa ser tão defendida e idealizada, a depender do teor da matéria o texto ainda será analisado sob o código oculto IP (Interesse do Patrão).

Em geral é assim: se não houver modificações consistentes, a matéria é publicada com a assinatura do jornalista que fez a reportagem. No caso contrário, sairá sem assinatura do autor. Em ambos os casos o repórter tem responsabilidade sobre as informações e poderá ser acionado judicialmente por alguém que se sinta prejudicado pelo que foi publicado.  Até 2009 seria acionado através da Lei de Imprensa, revogada em 30 de abril daquele ano.

No caso da Assessoria de Imprensa, o texto tem sempre o carimbo do IP; desta vez já não oculto. O assessor, seja ele jornalista ou relações públicas, precisa estar consciente que o texto final a ser liberado em release para a imprensa - ou editado em informativo, ou mesmo postado nas redes sociais - tem o objetivo de divulgar o assessorado. Qualquer informação truncada ou entrelinhas que possam gerar outras interpretações que não a pretendida  resultarão em uma dor de cabeça indesejada. Em casos mais graves pode provocar o "rolar de cabeças"; nesse caso, a do assessor de imprensa.

Claro que há situações que o texto não carece de aprovação, a exemplo das notas sobre eventos ou meramente informativas com as perguntinhas básicas (lembre quais são clicando aqui). Mas a coisa muda de figura quando o release tem análise e opinião do assessorado. Quando este é político, então, todo cuidado é pouco. Na política, as entrelinhas tem voz ativa.

Há casos em que há uma empatia total entre assessorado e assessor, quase chegando a uma simbiose de pensamento. Tem assessor que conhece tão profundamente o modo de pensar do assessorado que sabe exatamente o que dizer em seu nome sem consultá-lo.

Se este não é o seu caso, deixe de lado o orgulho e exponha seu texto a aprovação. Ganhe a confiança do seu assessorado inteirando-se sobre tudo o que diz respeito à ele (isso vale para assessorados PF ou PJ). Mas, atenção! Seja firme e mostre ao seu assessorado que a leitura e aprovação tem que ser ágeis. Afinal, fora as redações da web, as demais tem deadline definido. E a depender do espaço que busque, pode ficar a ver navios.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Como atingir o coração do seu público alvo?


 
“Se você falar com um homem numa linguagem que ele compreende, isso entra na cabeça dele. Se você falar com ele em sua própria linguagem, você atinge seu coração.”

 Esta frase de Nelson Mandela, que neste dia 18 de julho completou 95 anos – a maioria deles na luta pela liberdade, pela paz e pela democracia na África do Sul – é uma excelente referência para a comunicação.  Tem relação direta com a importância de escolher bem a linguagem e o veículo na hora de criar e enviar uma mensagem para o seu público alvo.
Já sabemos que linguagem técnica tem alcance limitado e só interessa às pessoas da própria área. Assim é o "economês", o "medicinês, "juridiquês" e muitos outros dialetos técnicos adorados por profissionais que adoram exibir conhecimento. Na comunicação, todos os dialetos técnicos devem ser deixados de lado, exceto se buscar atingir apenas um grupo específico. Se quiser que a sua mensagem alcance o maior número de pessoas possíveis, use uma linguagem mais acessível.  
Mandela disse que quando uma pessoa compreende o que ouve, a mensagem entra na cabeça dela; mas tem seu coração alcançado quando ouve uma mensagem na sua própria linguagem. O problema a ser solucionado, portanto, quando precisamos elaborar uma mensagem em uma campanha é identificar qual a linguagem própria do público alvo. Como você poderá tocar o coração das pessoas, sejam elas clientes, funcionários, colegas de profissão ou eleitores?
É importante definir qual o seu objetivo. O que você quer “vender”? Por quê? De que forma o seu propósito está alinhado com os desejos do seu público alvo? É essencial, também, saber qual o mecanismo que lhe possibilitará que o público alvo compreenda melhor a sua mensagem e abrace e compre a sua ideia. Afinal, são muitas as ferramentas de comunicação disponíveis, entre elas a infinita web e suas redes sociais.
Na maioria das ferramentas é fundamental usar, na linguagem escrita, mensagens curtas, na ordem direta e pontuação correta. Na linguagem oral, boa dicção aumenta a possibilidade de entendimento. No uso do vídeo ou a fotografia, as imagens devem estar sintonizadas com o anseio do seu público alvo. A imagem pode, e deve, falar por si só. Fuja de filmetes que exigem "doutorado" para serem entendidos. O que conquista é a identificação com a cena, com a mensagem. A emoção atrai e promove a entrega do coração.
Nelson Mandela, que ficou 26 anos preso e quatro anos depois de liberto foi eleito presidente da África do Sul e conseguiu acabar com o apartheid que obrigava os negros a viverem separados dos brancos, soube identificar a linguagem ideal para conquistar a maioria dos corações dos sul africanos.  No caso dele, foi importante já ter estado do outro lado para saber o anseio do seu povo.  Tentar se colocar um pouco no lugar do outro (do seu público alvo), ou no mínimo ouvir o outro através de uma pesquisa, facilitará a identificação da linguagem e da ferramenta ideal para transmitir a sua mensagem. Um exercício que certamente lhe trará excelentes resultados.

domingo, 26 de maio de 2013

Cuidado: tem fotógrafo na área.

Hoje quero abrir a janela para falar dos cuidados que temos que ter com a imagem durante a participação de eventos. Seja conosco, quando palestrantes, seja com nossos assessorados.

O treinamento que promovemos para que nossa clientela saiba se portar diante das câmaras e microfones da imprensa - media trainning - na maioria das vezes, até pelo curto tempo disponibilizado por eles, não aborda os cuidados que se deve ter com as câmaras fotográficas.

Não basta saber falar de forma coordenada e objetiva, com postura adequada e com olho na plateia. Sabemos que este é o objetivo de muitos gestores/diretores e outros tipos de assessorados que estão na linha de frente de uma instituição ou exercendo um mandato, participando frequentemente de eventos como membros da mesa ou palestrantes. 

Ter uma boa apresentação do tema abordado, com recursos audiovisuais de qualidade, é essencial. Usar roupa adequada ao evento, principalmente para as mulheres, também faz parte das regrinhas a serem seguidas. Saber interagir com o público, interpondo uma gracinha aqui, outra ali, ajuda a dar um clima de leveza, desde que sejam intervenções de bom gosto e sem vestígios de racismo ou preconceito de qualquer ordem.


Em "Mesas" sem mesa mulheres devem evitar saias.
Tudo isso discutimos muito. Mas é importante que haja também cuidado com a postura enquanto se está em um evento, fazendo parte ou não da mesa, principalmente se está sentado nas primeiras fileiras. Vamos listar algumas posturas inadequadas.

Ficar com o rosto apoiado na mão, seja na bochecha ou no queixo, demonstra tédio e descaso com o debate que está ocorrendo e com o palestrante da hora. Cochilar, então, é mico total.

Relaxar o corpo na cadeira, jogando-o para trás e escorregando um pouco pra baixo. Se é homem, com ou sem paletó, ou mulher, a postura é de desleixo. Além de dar a impressão de que está no sofá da sua casa, estufa a barriga. 

Cuidado para não ter momento Instinto Selvagem

Se a "Mesa" for só simbólica - usual ultimamente em posses e outros eventos mais rápidos -, o cuidado deve ser redobrado, principalmente pelas mulheres. Ir de vestido ou saias para eventos como esse exige saber sentar com elegância. Se não é o seu caso ou da sua assessorada, evite. Nada mais constrangedor que deixar aparecer a calcinha ou palmos de coxa por não se lembrar de puxar a roupa para junto da perna. Ou ver a calcinha pelo vão entre a pernas daquela que não soube sentar-se com elegância. A cada cruzada de perna a convidada pode ter seu momento Sharon Stone no filme Instinto Selvagem diante das câmaras. Aos assessores, melhor procurar com o cerimonial, com antecedência, qual o tipo de mesa que será composta, para aconselhar a assessorada sobre qual tipo de roupa vestir. Isso faz parte da preservação da imagem. 


Tudo que tem um porque: em um evento tem fotógrafos e cinegrafistas da imprensa, além da equipe da assessoria. E, ao contrário da assessoria, que buscará a melhor foto para acompanhar o seu release ou postar no site ou redes sociais institucionais, as equipes externas adoram registrar e publicar flagrantes de "autoridades", principalmente os micos por descuido da postura. Se já é complicado para mulheres do meio artístico serem flagradas com suas "intimidades" à mostra, imagine para alguém que representa uma instituição?

sexta-feira, 17 de maio de 2013

As armadilhas das distrações na comunicação

Se a revisão e a análise da mensagem, principalmente quando esta será divulgada impressa, é essencial para qualquer profissional que esteja divulgando uma ideia ou opinião, para uma instituição essa essencialidade é triplicada. O porque desse cuidado é o dano que pode ser gerado por uma palavra equivocada ou uma pontuação mal colocada.

Vejamos como exemplo a campanha que está sendo veiculada pela Defensoria Pública da Bahia em parceria com o Instituto Acelino Popó Freitas, do tetra campeão de boxe, orgulho e exemplo para muitos jovens.

Mesmo sem conhecimento do briefing (informações básicas para desenvolvimento do trabalho) passado pela instituição à agência de publicidade, percebe-se que a proposta é de estimular os jovens à prática de esportes e, consequentemente, a manterem distância da armadilha das drogas - em especial do crack.
Entretanto, por um descuido de todos os envolvidos no processo, desde a criação até a aprovação da mensagem, a campanha caiu na armadilha do nosso português.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

LEAD - A informação não é neutra; envolve significado

Todo jornalista sabe que não é fácil fazer um lead (o primeiro parágrafo de uma notícia). Não basta incluir as informações básicas com (o) Quê, Quem, Quando, Onde, Como, Porquê, alternando-as mecanicamente só para não iniciar sempre com a mesma coisa. Tem que ter informação para que, além de atraente, seu lead esteja atual e contextualizado. Reproduzo aqui o artigo do jornalista (por formação, mas sem exercer a profissão) e médico sanitarista pernambucano Djalma Agripino Melo Filho, com quem tive a honra de dividir os bancos da turma de jornalismo de 1984 da Universidade Católica. Sua crônica em homenagem à jornalista e professora Vera Ferraz traduz a importância do conhecimento para a construção de um lead.