terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Todo fato tem dois lados

Uma praia em duas versões no mesmo dia e mesma hora: como um fato


Abro esta janela falando da importância da isenção na comunicação, em especial no Jornalismo. Aprendi, antes mesmo de cursar a faculdade para ter o diploma de Jornalista, que recebi em janeiro de 1985, que todo fato tem dois lados e quando deixamos a emoção nos envolver em um deles, a reportagem sai capenga, parcial. A função do repórter é informar, reportar o fato com detalhes que permitam ao leitor/telespectador/ouvinte/internauta tirar suas próprias conclusões.


Em 1979, no Colégio Paulo Afonso (SPEI), no interior da Bahia, fui voluntária como repórter do Boletim das Olimpíadas Estudantis, que envolvia todos os colégios em Paulo Afonso. Como companheira de reportagem estava minha amiga e colega do curso de Análises Químicas (2º ano), Edna Alves. Trabalhávamos os três turnos durante toda a semana dos jogos, espalhados em dois clubes da cidade e em um colégio. Éramos "as jornalistas".

Em um dos jogos, dois times infantis de handball se enfrentavam. O que estava sem acompanhamento técnico venceu a batalha. Mas perdeu o título porque o técnico do time adversário denunciou que um dos garotos tinha mais idade que o limite permitido. Aos prantos, o garoto disse que ninguém, nem o seu técnico, lhe perguntou a idade ou pediu documentos para confirmar. Como ele estava na mesma série que os demais, a idade foi confundida. E a vitória suada, linda, virou derrota chorada.

Inexperientes, jovens, tomamos as dores dos meninos. Cadê o técnico? Quem é? Descobrimos qual o professor de Educação Física cuidava do grupo e o procuramos no clube. Nada. Fizemos a cobertura ouvindo só um lado e nossa matéria foi sensacionalista, passional, parcial. O editor nem questionou. Apenas publicou como manchete.

No outro dia, fomos procuradas pela esposa do técnico, também professora de Educação Física, que nos acusou de irresponsáveis e tentou, na coordenação do colégio, que fóssemos punidas com suspensão. Como não conseguiu, nos eliminou do time de futebol feminino e impediu que fóssemos bandeirinha do jogo. Segundo a sua versão, comprovada com atestado médico, o seu marido não compareceu às atividades das olimpíadas naquele dia porque estava doente, com febre de quase 40 graus.

Veio o sentimento de culpa. Quem estava sendo mais irresponsável: o técnico, que não compareceu por estar doente, ou nós, repórteres, que o procuramos só no local do jogo e o acusamos em letras garrafais ( o boletim era artesanal, sem foto) de ter causado a dor da derrota dos jogadores mirins?

Dois anos depois entrei no curso de Comunicação Social - Jornalismo da Universidade Católica de Pernambuco, em Recife. Tornei-me jornalista mas jamais esqueci que temos obrigação de ouvir os dois lados envolvidos em um fato. Assim se faz jornalismo limpo. Informação de um lado só é release de Assessoria de Imprensa, sobre o qual falaremos em outro momento.

5 comentários:

  1. Gatinha, vc já nasceu linda e inteligente, acredito que tens muitas histórias em Paulo Afonso. O seu Marketing não precisa de seis fotos basta uma (sugestão a nº 2)deixe as outras janelas abertas e já ficamos satisfeitos com sua beleza "Narcizo se fosse vivo iria achar que estavas competindo com ele". Quanto a Janela para comunicação acredito que fará grande sucesso,seja realmente imparcial não se limite a fatos da Metropole. Health and peace! bj Antão Neto

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  2. Olá, Vanda, como estão as coisas? Abandonou o 'Forquilha', foi? Já adicionei esse aqui nos meu favoritos. Támbém estou tentando - pela enésima vez - escrever alguma coisa num blog. Tentarei mantê-lo vivo. Dá uma passadinha por lá, quando puder. Abração!
    http://semsalamaleques.blogspot.com

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  3. Oi, Antão. Não quero competir com Narciso. Quem dera. As fotos refletem o símbolo de janelas. O meu eu vari[ável, como a comunicação. Fico feliz de vc acompanhar. Beijos.

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  4. Que bom vê-lo or aqui. Alexandre. Não abandonei o Forquilha;ele é destinado a artigos mais gerais. Este, para assuntos espefícios, mais técnicos, de comunicação. vou visitar seu blog. Beijos.

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  5. Vanda, parabéns por dedicar sempre um pouco do seu tempo compartilhando temas tão relevantes e suas experiências pessoais, que de alguma forma está sempre ajudando e incentivando outras pessoas, tanto na vida pessoal como profissional.
    Acompanho sempre o Forquilha – Confabulações com Vanda Amorim, mas adorei “Janelas para a Comunicação”. Continue mostrando a importância da comunicação e compartilhando suas experiências. É importante ser como você, com o seu “Eu Aberto”.
    Ah, não posso esquecer, as fotos estão lindas!!!

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